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O País Do Futebol


    "90 milhões em ação, pra frente Brasil, salve a Seleção..."  Bom, não somos mais 90, mas mais de 200 milhões hoje em dia. Dessa emblemática canção entoada para e desde a copa de 70, só resta a paixão nacional pelo futebol, até porque a Seleção de hoje em dia está um pouco decepcionante. Perdemos feio a Copa em casa e não conseguimos a esperada reviravolta na Copa seguinte. País do Futebol está mais para um título herdado do que para uma condição atual.
    Somos iniciados na adoração ao futebol logo que nascemos: "Vai ser um menino!..." e bola de futebol nele. Ah, mas é que não adianta dar uma bicicleta, um taco de hóquei, um skate, uma bola de basquete ou vôlei que ele não vai saber brincar. Sim, óbvio, a criança à recém nasceu. Mas com a de futebol também não. E a insistência nela continua até bem tarde.
    No caso da não opção pelo futebol, o que fazer? Bom, o problema inicial é que quase todos os outros esportes demandam um bom investimento ou estrutura só para iniciar a prática: quadras, piscinas, bikes... No futebol, de arrancada só uma bola, um espaço relativamente plano e dois pares daquelas populares sandálias de borracha para servirem de gol. E dá para ir assim por um bom tempo.
    E se a criança não é muito chegada a jogar bola mas dá suas pedaladas? Total desinteresse. Pelo menos não está em casa incomodando. Depois de algum tempo ela é inscrita numa escolinha de futebol. Aquela última tentativa de ter alguém na família que vista a mítica camisa amarela. Só que por um novo capricho do destino, a derradeira tentativa não dá certo: "Esse aí não é do esporte." Como assim??? A criança pedala, ciclismo é sim um esporte, como todas as outras várias opções. Então porque não apresentar as outras modalidades esportivas logo após a descoberta da não preferência pelo futebol? Minha descoberta do ciclismo como esporte profissional e não somente como um hobby se deu bem tarde. E sempre  o vi como algo intangível. Muitos anos depois, conversando com um ex-colega de trabalho que competia de forma amadora, que fiquei sabendo como se entra no mundo competitivo do ciclismo. 
     Se você parar em qualquer lugar onde haja uma concentração de pessoas conversando em pequenos grupos, pelo menos em um deles o assunto será futebol. Lembramos os nomes de jogadores de várias copas anteriores, mas não do nadador ou judoca olímpico vencedor da última olimpíada, mesmo sendo da casa.
    Como conceber que um país de tamanhas proporções tenha total dedicação a somente um esporte? Impossível não vincular ao conceito de "pão e circo" a essa condição pois, até nos nossos telejornais, depois das notícias não tão boas ou trágicas, está lá o circ... Ooops, o futebol para alegrar as massas.