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Alvos

     De uns tempos para cá, têm ocorrido cada vez mais incidentes com ciclistas nas ruas. Perseguições, espremidas e até atropelamentos. Sei que alguns de nós não tem a menor consciência de que são a unidade mais fraca no trânsito e atravessam cruzamentos como se todos tivessem que parar por eles, além de outras peripécias mais imprudentes. Felizmente, estes não representam a maioria. 
        Depois de vários anos pedalando em vias públicas quase sempre muito próximo aos carros, aprendemos a prever alguns movimentos simplesmente olhando para a condição do momento: sinais de trânsito, buracos, pessoas olhando ou não para frente, cães, motociclistas e até pelo tipo de carro. Sempre houveram riscos em sair pedalando muito perto dos automotores. Mas parece que esses riscos se tornaram realidade. Verificando o Código de Transito Brasileiro, onde está especificado no Artigo 29, Parágrafo 2: "Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres." Aparentemente o nosso trânsito tem um comportamento que flui justamente da forma contrária, a chamada lei do mais forte, no caso, a lei do maior. Não que por isso devamos nos retirar ou recuar nas ruas, até porque "trânsito" somos todos nós, inclusive o pedestre que atravessa a via fora da faixa de segurança.
     Temos tido noticias de ciclistas mundialmente conhecidos sendo atropelados por motoristas que parece acharem legal nos dar um susto. Garanto que para o ciclista não é nem um pouco. O susto, o desequilíbrio momentâneo que, se for provocado por um caminhão ou ônibus, pode causar um acidente fatal devido ao deslocamento de ar causado pela enorme massa do veículo. Para nós que somos meros desconhecidos, somente números estatísticos, resta continuar tomando  o cuidado habitual e pesar cada decisão no trânsito como se fosse a última, porque eventualmente pode vira a ser.