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MTB vs SPEED (ou Urbana)



   
    Só de dar uma breve olhada nelas, mesmo sem uma comparação mais detalhada, já é possível ver que têm finalidades diferentes, embora a função seja a mesma. A opção de pedalar por caminhos acidentados existentes ou não, percorrer grandes distâncias e alcançar grandes velocidades ou então, simplesmente deslocar-se pela cidade aliando um razoável conforto com boa velocidade e agilidade. 
    Ainda no intuito de tentar aposentar minha velha Caloi Supra, hoje com ares de uma urbana com  postura de Speed, ando realmente indeciso entre uma Speed ou urbana. Quanto a MTB, já foi descartada. Pedalei alguns quilômetros em uma Oggi Big wheel para avaliar as reações da máquina e foi bem legal. Os pneus enormes e a suspensão absorvem todo impacto, os freios hidráulicos são ótimos e progressivos e a bicicleta tem uma boa resposta quanto a agilidade. Confesso que esperava uma reação bem mais amarrada comparada a compacta Supra de aro 26". Seria uma ótima escolha se ainda estivesse moendo a bicicleta buscando rotas com obstáculos como em anos anteriores, em que toda segunda-feira a estacionava no ciclista para trocar raios e o que mais precisasse ser feito. Mas como o foco agora é deslocamento e distância, restam no páreo a Speed e a Urbana.
     A cada saída para pedalar ainda com a Supra, sinto necessidades que ambos estilos que ainda estão no páreo podem suprir facilmente, porém é justamente no quesito "melhorar" que residem minhas dúvidas sobre por qual modelo optar. Pendo para o lado da Speed, e já me foi dada a opinião de que seria a melhor opção para troca. Porém fazem muitos anos desde a última vez que pedalei em uma. Não foi uma experiência interessante. Mas era um tamanho inadequado e já estava modificada para o biótipo do proprietário.

  Acho que o que pude trocar por peças melhores na Supra já foi feito. Mas fazem anos. Para um quadro Standard, já não existem componentes eficientes. Optar pela Urbana seria simplesmente um upgrade que o meu equipamento já não comporta. Já optar pela Speed, é um passo além do comodismo que a Urbana oferece. A força e destreza exigidos são mais elevados. Só de subir em uma, já se sente isso. 
    Na verdade, o que me deixa apreensivo é a transmissão de 16 marchas contra as 27 de uma Urbana. Quando expus essa dúvida para o vendedor da loja onde levo a minha bicicleta para manutenção, a resposta que veio foi mais direta do que eu esperava: "Tu vai ver que a diferença do aro 26 para o 700 é enorme, mas a pecinha em cima da bicicleta também tem que ajudar."  Tá, né?...



   

Longão



    Depois de muito tempo, outro longão. Desta vez até deu uns metros a mais que da ultima vez. Mas ainda assim não consegui chegar exatamente onde gostaria de ter ido. Na minha primeira jornada de longa distância, foram 180km. Bem despretensiosamente, um colega na época do serviço militar falou: "Cara, vamos até Nova Petrópolis, dá pra ir de boa." e fomos de Canoas até lá. Estávamos em três, simplesmente no sábado seguinte que estaríamos todos de folga decidimos que iríamos ir e pronto. Só que naquela época tínhamos 20 anos, mesmo sem termos uma rotina de treino ou constância, fomos. Não lembro nem de ter ficado tão cansado como fiquei na última pedalada de cem quilômetros. Agora com 40, cheguei na primeira tentativa na metade do caminho e por último, a 60% deste. Ainda não sigo uma rotina regrada de treino, pedalo quando a agenda permite e geralmente é indo para o trabalho. Em ambas as ocasiões foi igual: no findi eu vou tentar mais uma vez e fui.
    Esses 100 quilômetros a serem percorridos até não são um absurdo se você tem alguma vivência na bicicleta. É mais ritmo e vontade do que qualquer outro elemento ou equipamento que possam vir a inventar ou indicar como necessário para realiza-lo. Claro que um mínimo de preparo físico e técnica ajuda, mas percebi nas minhas experiencias que a vontade de tentar é o que mais conta. Naquela época foi assim, na raça: sem equipamento nenhum. Hoje há um mínimo de planejamento antes de sair. Tudo bem que enquanto você planeja a distância, cada músculo do seu corpo fique te dizendo: fica dormindo, vê um filme, tem umas gordices na cozinha, pra quê levantar cedo desse jeito no domingo?
    Durante o percurso, que na arrancada é acompanhado de algumas preocupações com esse ou aquele trecho, curva ou ladeira, o propósito de tentar ir além da última vez se sobrepõe e a pedalada se torna mais prazerosa.
    Passada uma semana do início da escrita deste texto, decidi que iria tentar outro longão. E consegui mais uma vez. É, esse "consegui mais uma vez" fez parecer que é um dos doze trabalhos de Hércules, mas não. Achei que não conseguiria pelo fim de semana anterior. Ainda estava com as pernas um pouco doloridas. Dessa vez foram 160 quilômetros. Mas foi em terreno mais plano. Saí de Canoas até Santo Antônio da Patrulha pela BR-290. Um dia tranquilo, um pneu furado mas nada sério. Uma ida sem percalços e um retorno cansativo com muitas paradas para recuperar o fôlego. Foi bem estimulante. Nesse dia, saí de casa pronto para uma distância maior, sabia onde queria ir mas estava um pouco inseguro. Segui em direção a porto Alegre justamente para ver o que se passaria quando chegasse no acesso a BR.  Olhei o acesso, equipamento em condições, vontade em dia, achei que deveria tentar e pronto. Saldo: mais 160 quilômetros adicionados para registro. Cansativo? Muito. Como disse, não tenho uma regularidade que permita percorrer essa distância com um desgaste aceitável. Valeu a pena? Com certeza. Por eu saber que posso, pela certeza de que só é preciso um planejamento simples e muita vontade.