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Uma boa oficina

    Depois de algumas pedaladas, a sua bicicleta começa a se comunicar com você: começam alguns barulhos que de início não interferem muito, mas que alguns quilômetros depois se tornam incrivelmente irritantes. E é nessa hora que aparecem soluções milagrosas como desengripantes, óleos, graxas, um aperto ou outro longe da raiz do problema seguido de um daqueles elogios que não constam no dicionário. 
   É inevitável o aparecimento de problemas, afinal de contas é uma máquina que carrega várias vezes o próprio peso. Eventuais mal funcionamentos, desgastes e quebras. E são nesses momentos que você tenta consertar e não chega a lugar nenhum, por nunca ter feito ou por falta de prática e principalmente paciência. Tu já não tem mais vinte e poucos para passar alguns momentos desmontando e remontando até achar o problema. Então a solução é um bom ciclista para os reparos e substituições. Notem: "um bom ciclista. " Por quê frisar isso? Porque temos aqueles indivíduos que definimos popularmente como mexânicos, aqueles que fazem o serviço ligeirinho e por um precinho bem camarada, o que resulta em nada ou uma tapeação que vai durar alguns dias. 
      Que uma boa manutenção é bem mais cara é indiscutível, mas compensa. E uma boa manutenção com um ciclista que te indique uma peça ou equipamento que melhore o conjunto de alguma forma sem ficar te empurrando uma bicicleta nova é bem mais caro. E raro. Mas vale o preço. Há vários anos atrás, como todo bom principiante, caí em algumas dessas armadilhas, até que achei o lugar certo na época. Tive boas indicações de componentes, porque deveria fazer uma troca de uma peça original mesmo ainda estando em bom estado por outra e coisas assim. Até sobre como pedalava para saber por qual tipo de peça  substituir. Foi de grande ajuda. Menos problemas, maiores distâncias, maior vida útil. E sim, saiu caro. poderia ter voltado na loja e comprado outra bicicleta igual no final de todas as peças substituídas. Claro que não foram trocadas de uma só vez. De como ela foi tirada da loja, só restaram quadro e garfo. Compensou? Muito. Indiscutivelmente. Componentes mais leves, resistentes, eficientes e inevitavelmente mais bonitos. Valeu a pena? Sim, muito. Primeiro foram peças para aguentar impactos mais duros, depois migrei para extrair velocidade. Algumas peças ainda são as mesmas depois de todos esses anos.
     Nesses tempos em que tudo é descartável, nossas magrelas fogem a essa regra. Sabemos de ciclistas que tem as suas há muito mais tempo que essa atual geração consumista poderia imaginar, com mais idade até que muitos deles, e que vão continuar com elas rodando por muito tempo ainda.