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Saindo Sem Rumo


     O que para um ciclista ou um motociclista parece ser tão natural, se torna um pouco desafiador de explicar para algumas pessoas que parecem ter certa resistência em entender que não precisa necessariamente haver um motivo, um destino certo ou um prazo para realizar algo, o que quer que seja, que é simplesmente curtir. 

      Sair de moto ou bicicleta sem destino certo é sem duvida muito fácil. Virar ali e ver onde vai chegar, chega no final da rua e aí decidir para onde virar e assim na próxima rua. Se for pegar a estrada, a ideia é essencialmente a mesma. Quando chegar na faixa de acesso, ver para onde o vento sopra e pronto: definida a rota. 
     Como o foco aqui é a bicicleta, depois de alguma experiência, você acaba saindo com o equipamento completo porque não dá para ter certeza se vai até ali ou mais adiante, até  porque esse mais adiante pode também ter se tornado um ponto intermediário, indo além até se arrepender de não ter feito a volta antes. 
     Esse é um bom motivo para essas pessoas terem uma inveja mortal de nós, que nos deslocamos em cima de duas rodas, pegar a bicicleta ou a moto e dizer: "Vou sair, dar uma volta." Aí pular para cima da bike, chegar no portão de casa, olhar para os dois lados para decidir por qual lado começar o trajeto, ver que o vento está soprando para a direita e pensar: "Vamos sair pela direita." Viram que simples?

Custo


      Enquanto países mais desenvolvidos e realmente interessados na segurança e bem estar da população estão incentivando o uso das bicicletas, aqui, aparentemente estamos indo no caminho contrário. Com os valores das bicicletas subindo a cada dia e cada vez mais acidentes evitáveis nos acercando pela falta de cordialidade e responsabilidade no trânsito, estamos ficando bem para trás no pelotão. 
     Há muito se fala que os valores dos impostos que incidem sobre as bicicletas são absurdos. Mas além disso, a violência no trânsito aumenta a passos largos. Com a pandemia atual, o número de bicicletas aumentou assustadoramente como transporte de carga, deslocamento e também lazer, já que proporciona atividade física sem aglomeração. Mas o que também ficou muito claro, é que a imprudência parte de ambos os lados. Quem já tinha como hábito o pedal, nitidamente é mais atento no trânsito e tem mais noção de situações de possível risco. Não que eventualmente não faça alguma bobagem mas, apesar de soar um pouco controverso, é uma bobagem calculada. Pedalar em calçadas, no tráfego intenso, em passarelas são atitudes reprováveis e imprudentes que a expansão da utilização das bikes também trouxe. Equipamentos de segurança, física ou visual nestes novos ciclistas quase insistem, assim como a noção de que acidentes não só envolvem veículos motorizados e, se você colidir com um deles, será a parte mais afetada.
     Quanto mais ciclistas tivermos em  circulação, talvez mais rápido seja o processo da nossa aceitação nas ruas e trânsito como parte integrante e não como um estorvo, um obstáculo a ser evitado ou perseguido, mas ao mesmo tempo , espero que do nosso lado também possa melhorar o comportamento desses ciclistas no ruas e demais vias.