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Longão



    Depois de muito tempo, outro longão. Desta vez até deu uns metros a mais que da ultima vez. Mas ainda assim não consegui chegar exatamente onde gostaria de ter ido. Na minha primeira jornada de longa distância, foram 180km. Bem despretensiosamente, um colega na época do serviço militar falou: "Cara, vamos até Nova Petrópolis, dá pra ir de boa." e fomos de Canoas até lá. Estávamos em três, simplesmente no sábado seguinte que estaríamos todos de folga decidimos que iríamos ir e pronto. Só que naquela época tínhamos 20 anos, mesmo sem termos uma rotina de treino ou constância, fomos. Não lembro nem de ter ficado tão cansado como fiquei na última pedalada de cem quilômetros. Agora com 40, cheguei na primeira tentativa na metade do caminho e por último, a 60% deste. Ainda não sigo uma rotina regrada de treino, pedalo quando a agenda permite e geralmente é indo para o trabalho. Em ambas as ocasiões foi igual: no findi eu vou tentar mais uma vez e fui.
    Esses 100 quilômetros a serem percorridos até não são um absurdo se você tem alguma vivência na bicicleta. É mais ritmo e vontade do que qualquer outro elemento ou equipamento que possam vir a inventar ou indicar como necessário para realiza-lo. Claro que um mínimo de preparo físico e técnica ajuda, mas percebi nas minhas experiencias que a vontade de tentar é o que mais conta. Naquela época foi assim, na raça: sem equipamento nenhum. Hoje há um mínimo de planejamento antes de sair. Tudo bem que enquanto você planeja a distância, cada músculo do seu corpo fique te dizendo: fica dormindo, vê um filme, tem umas gordices na cozinha, pra quê levantar cedo desse jeito no domingo?
    Durante o percurso, que na arrancada é acompanhado de algumas preocupações com esse ou aquele trecho, curva ou ladeira, o propósito de tentar ir além da última vez se sobrepõe e a pedalada se torna mais prazerosa.
    Passada uma semana do início da escrita deste texto, decidi que iria tentar outro longão. E consegui mais uma vez. É, esse "consegui mais uma vez" fez parecer que é um dos doze trabalhos de Hércules, mas não. Achei que não conseguiria pelo fim de semana anterior. Ainda estava com as pernas um pouco doloridas. Dessa vez foram 160 quilômetros. Mas foi em terreno mais plano. Saí de Canoas até Santo Antônio da Patrulha pela BR-290. Um dia tranquilo, um pneu furado mas nada sério. Uma ida sem percalços e um retorno cansativo com muitas paradas para recuperar o fôlego. Foi bem estimulante. Nesse dia, saí de casa pronto para uma distância maior, sabia onde queria ir mas estava um pouco inseguro. Segui em direção a porto Alegre justamente para ver o que se passaria quando chegasse no acesso a BR.  Olhei o acesso, equipamento em condições, vontade em dia, achei que deveria tentar e pronto. Saldo: mais 160 quilômetros adicionados para registro. Cansativo? Muito. Como disse, não tenho uma regularidade que permita percorrer essa distância com um desgaste aceitável. Valeu a pena? Com certeza. Por eu saber que posso, pela certeza de que só é preciso um planejamento simples e muita vontade.




    




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